CUIDADO! Este blog é só pra OMES ja crescidos! Tirando apenas estas excepções:

o ZÉ TOLAS, que é baixinho,
o OME DO MONTE, que ainda não chegou lá,
o QUIM PESCAS, que já nasceu grande,
o TONE BOSTAS, que em vez de lá chegar deu uma cabeçada,
e o LA BOUSSE, que nos mandou a todos à la merde.







29/01/2008

AS OMAVENTURAS

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MAS QUE DOR DE CABEÇA DESCOMUNAL. QUIM ainda cabeceava contra a parede, tonto, embriagado pelo efeito das horas de frio que passou no mar à deriva, e também pelos medicamentos que lhe enfiaram no corpo em jejum – só tinha meras recordações do que se passara. Fora levado para um hospital dentro de um helicóptero por pessoas desconhecidas – nem se conseguia mexer, tal era a fadiga. Durante toda a consulta de um indivíduo de bata branca, dois ou três capangas de preto observavam, e, depois de lhe injectarem qualquer coisa, apagou por completo.

Agora estava numa espécie de cela. Só tinha uma sanita, um lavatório, uma cama sem lençóis e as suas botas novas, a um canto. Arrumado como uma mercadoria fora de prazo, ali se aguentava o QUIM PESCAS, e, devido aos químicos anestésicos, manso como um cordeiro. Tentara-se levantar inúmeras vezes mas em vão – caía redondo no chão, sem forças e a revirar os olhos, como num belo par de bebedeiras que já apanhou quando era mais jovem. Onde raio é que estava? O que se passara?

De olhos fechados, porque inexplicavelmente lhe ardiam, só identificava os sons à sua volta. O ar condicionado. Descargas de água que passavam em canalização vizinha àquelas quatro paredes. O toque interminável da pulsação de um mecanismo qualquer. Um elevador que ganhava vida de vez em quando.

QUIM calculou que estava num sítio movimentado. Mas mais que isso, não sabia. O que era feito das pessoas que o trouxeram? Estaria num manicómio? Será que havia enlouquecido sem dar por isso? Será que, se estivesse louco, tinha consciência de o estar ou não?

Alto lá. Sons. Passos! Esforçou-se por abrir os olhos quando ouviu a fechadura da porta a rodar o seu engenho. Três matulões de óculos escuros e fatos pretos entraram no seu restrito cubículo, fechando a porta atrás de si. Guardaram os óculos ao mesmo tempo e sorriram, com sorrisos orientais, de olhos em bico, tez amarela, e cabelo raso, se é que algum.

Chineses. QUIM esforçou-se por ver melhor, duvidoso.

“Hã?”, disse para si, “Onde raio é que eu vim parar? À China?”

Eles sorriram. “Daqui a pouco tempo todo o mundo será a China”, disse um deles. Os outros deram-lhe um olhar descriminador.

“CALA-TE, MING FU, AQUI QUEM FALA SOU EU!”

O QUIM estava cada vez mais confuso. Agora falavam português na China? O indivíduo mandão olhou-o de alto a baixo e depois arrebitou cachimbo, ou melhor, flor de lótus.

“Que fazias no mar ontem?”

QUIM PESCAS não tinha medo deles e fazia tenção de o demonstrar.

“Fazia que fazia o que fazia.”

“O que fazias?”

“Que fazia.”

“Que fazias o quê?”

“Fazia que fazia.”

“Fazias que fazias O QUÊ?”

“Já lhe disse, estava a FAZER que FAZIA.”

O chino passou-se.

“ESTÁS A GOZAR COMIGO? O QUE É QUE SABES? QUEM TE MANDOU IR LÁ? PORQUE É QUE NÃO ESTAVAS NO FUNERAL DO TONE DA SILVA?”

Agora apeteceu ao QUIM, assim como quem não quer a coisa, saber quanto português é que eles conheciam. Respirou fundo, olhou o outro nos olhos, que eram dois, e puxou pelas suas melhores palavras.

“O triste e mórbido luto religioso pelo inóspito falecimento do meu alegre, qual sagaz e dotado de siso compincha, camarada ilustre do duro ofício piscatório, exigiu, em suma, que o exemplificasse moral e fisicamente ao nosso Pai, e como tal, fez de mim fiel servidor da sua arte de efectuar, dentro das condições climatéricas apropriadas, a colecta vespertina dos seres vivos dotados de barbatanas, pobres criaturas. E pronto, lá fui eu exercer a minha demanda diária, mas desta vez no dia em que mais nenhum dos da minha humilde comunidade foi.”

O chinês, pelos vistos, não tinha percebido NADA.

“VOLTA A DIZER! MAS MAIS DEVAGAR!”

“Eu já expliquei, OI! A CULPA NÃO É MINHA SE NÃO PERCEBERAM! O QUE É QUE QUEREM DE MIM, CARAS DE LIMÃO? IDE VENDER ESPADAS DE PLÁSTICO AOS PUTOS QUE É O QUE VOCÊS FAZEM BEM!”

O chinês ia encher o QUIM de nódoas negras se o Ming Fu não lhe tocasse no ombro. Disse-lhe qualquer coisa em chinês ao seu ouvido. Este sorriu.

“Nós vamos voltar daqui a pouco, e quando voltarmos, vamos trazer o nosso patrão. É só esperares um bocadinho e a nossa ordem para não te fazer mal… altera-se como que por magia.”

Rindo, e dizendo barbaridades lá na sua língua mãe, abandonaram a sala. QUIM PESCAS engoliu em seco. Quem o mandou ser tão chico esperto?


Num casarão que ainda desconhecemos, tocou o telefone. Toca ele uma vez, toca ele duas, toca três, e eis que finalmente alguém se dignou a levantar para o atender. E apareceu uma cozinheira, com a colher de pau na mão e tudo, chateada de terem interrompido o nada que estava a fazer naquele preciso momento.

“Está lá?”

A voz do outro lado era rápida e concisa. A da cozinheira era ainda mais rápida. Posicionou-se logo em posição de sopeira coscuvilheira e debitou as palavras como quem fala da vida alheia.

“Ah, não, neste momento ele não está aqui. Está na lavoura da Adelina, lá em baixo, está a ver, de quem vem da igreja e vira à esquerda, é mesmo em frente, nos diospireiros da Adelina. Você nem imagina a vontade que o OME tem de tratar deles! Eu já disse repetidas vezes que aquela semente não ia dar em nada mas o OME insiste, insiste, ai como ele é casmurro, valha-me o senhor…”

O seu interlocutor disse cerca de três palavras.

“Sim, está bem”, disse ela, incomodada por a terem interrompido, e ainda mais incomodada por ser tão abruptamente mandada para calar a matraca, “Então eu mando o puto ir lá ter com ele para o chamar.”

Do outro lado o indivíduo aceitou.

“Ó BISCAS! ANDA CÁ MALANDRO!”

Do fim do mundo veio um puto a correr, como se correr fosse tudo o que ele queria fazer da vida, ou então com medo de levar uma açorda.

“VAI CHAMAR O OME À LAVOURA! DIZ QUE TEM UM TAL DE ZÉ TOLAS AQUI AO TELEFONE PARA FALAR COM ELE!”

O puto ouviu e zarpou dali para fora. Atravessou a sala, a varanda, o quintal, a horta, o passeio das laranjeiras, o lamaçal, as videiras, a outra horta, atravessou o quintal do vizinho, continuou a correr, desviou-se das galinhas que esvoaçaram feitas tolas, saltou por cima do muro e esbarrou-se numa vaca que estava de passagem.

Caiu no chão. A vaca olhou-o de cima a baixo. Ele olhou-a de baixo para cima. A vaca ignorou-o e continuou a pastar. Ele lá continuou a correr.

Saltou, finalmente, por cima do muro da propriedade do vizinho, e chegou às terras da senhora Adelina, onde encontrou um OME curvado a lavrar com a enxada naquela terra preta e nutritiva.

“Se- se- senhor…”, disse o Biscas, afogueado, a tentar recuperar a respiração, “Tem uma chamada para si!”

“OI! UMA CHAMADA PARA MIM?”, perguntou o OME DO MONTE.

(…)

E não percam a próxima OMAVENTURA, dia 12 de Fevereiro!

20/01/2008

VINDE, VINDE!

QUE VENHAM OS ROMANOS,

OS BÁRBAROS,

OS MOUROS,

OS CELTAS,

OS FRANCESES,

OS INGLESES,

OS CHINESES,

OS TOKYO HOTEL

E A FLORIBELLA!

PARA ELES A NOSSA BANDEIRA!


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OME QUE É OME ORGULHA-SE DE SER PORTUGUÊS!

17/01/2008

AS FÉRIAS DO PAI NATAL

Neste preciso momento o Pai Natal está de férias. Podemo-lo encontrar na sua terrinha do Alentejo, deitado numa espreguiçadeira com uma cerveja ao seu lado, diante de uma convidativa piscina.

Não há nada melhor do que apanhar um solzinho, a ouvir uma musiquinha de rádio que não azucrine muito a cabeça, com o portátil ao lado aberto na sua OME PAGE.

O Pai Natal confia nos OMES. Sabe quem eles são. Sabe que eles são respeitadores. Sabe-os amigos entre si e amigos dos outros. Conhece-lhes as manias a cada um; e, é caso para dizê-lo – gosta deles.

Ser OME, defende o Pai Natal, é respeitar. É respeitar as mulheres, é respeitar os homens, é respeitar as crianças, é respeitar a terceira idade. É respeitar o mundo tal como é. É respeitar os portugueses, os espanhóis, os pseudo-bloquistas árabes. É respeitar os que se dizem maus, é respeitar os que se dizem bons; é respeitar os que respeitam e desrespeitar os que desrespeitam.

Ser OME é respeitarmo-nos enquanto o que somos. Não é ser rude. Não é dizer palavrões e estar constantemente no gozo para com o mundo. Ser OME é gostar do mundo em que vivemos, ser-lhe amigo, e desfrutar dele.

É rir, é rir com moderação, é ajudar. Ser OME é gostar, para quem gosta. Quem gosta de futebol, que o veja; de comer tremoços? Amendoins? Beber cerveja da garrafa?

Não há regras para ser um OME. Ser um OME é viver pelas nossas próprias regras, sem que elas, no entanto, interfiram ou magoem outras pessoas.

Dois, três ou quatro indivíduos num carro em nenhures, a falar sobre tudo e mais alguma coisa, amigos e companheiros, são OMES. São este blog, são estes textos. Não são machistas. Não são machões. Não tratam mal ninguém, nem fazem mal a uma mosca.

Simplesmente estão no seu carro a falar. E isto é o que este blog é. Se o leitor estivesse dentro de um carro com os seus amigos, de que é que falava? Com que temas brincava? Que palavrões se encaixavam nos sítios certos? Como era a pessoa tal que vimos na rua?

O que faz, neste dia de Janeiro, o Pai Natal?

15/01/2008

AS OMAVENTURAS

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ZÉ TOLAS nunca gostou muito de viver naquela imensa metrópole, à qual alguém deu o nome de CIDADE CAPITAL. Viver na CAPITAL é um fardo, quanto mais não seja viver sozinho – se há coisa que o ZÉ TOLAS detesta é de ter de atravessar a selva quotidiana de si e para consigo. E, ainda para mais, ter de o fazer à chuva, como hoje, é o cúmulo.

NA AVENIDA milhares de pessoas passam diariamente, umas só por uma vez, outras acostumadas ao ritmo de anos e anos a subir e a descer as calçadas sujas perante paredes sarapintadas de arte urbana; habituadas a esperar em trinta sádicos sinais vermelhos antes de qualquer destino, ou ainda aguardar com paciência de Jó que atravessem correntes de peões nas passadeiras gastas, de paralelos velhos, de barulho, inquietação, frio, mendigos, carteiristas, oportunistas, políticos, donas de casa, mulheres a dias, mulheres da noite, jovens da geração amorangada, jovens da geração azeiteira e jovens mistos, já para não falar dos que não são de nenhuma e roubam em lojas de chineses, que por sua vez são acusados de tráfico de órgãos quando o seu maior crime é não falar português em terra de portugueses que já nem português falam.

É nesta mesma AVENIDA que encontramos o ZÉ TOLAS. São sete da manhã, mas tendo em conta o nevoeiro, a quantidade de luz e gente que circula, bem podiam ser sete da noite num dia claro.

Lá vai ele para o trabalho. Já não é o seu primeiro trabalho, ou emprego – já nem é o vigésimo também. O pessoal queixa-se de desemprego mas não sabe que basta um pouco de sacrifício, sabão, barba feita e tento na língua que qualquer indivíduo chega lá. Nem que seja para empregado de limpeza e de arrumação. Nem que seja aos cinquenta anos. Nem que seja o ZÉ TOLAS que aqui vemos,

O ZÉ TOLAS,

Um gajo calvo, lá para o seu metro e cinquenta de altura, com saudades dos tempos em que tinha a vida pela frente…

Neste mundo em que muitos a têm por trás.

Apanhou o autocarro número tal tal para o destino tal tal tal, já nem os memoriza, é tudo automático, maquinal, igual, dia após dia, feriado após ponte, no mundo moderno em que o futebol predomina e o dinheiro domina santos e pecadores. Senta-se perto de uma janela fria e espera que o condutor arranque lá o motor da geringonça onde passa os dias, religiosamente, antes de chegar ao trabalho, e antes de chegar a casa. Passou pelas brasas, mesmo neste dia frio, e acordou na paragem tal tal tal, onde entraram tantas pessoas, incluindo o tantos de tal, o fulano e o sicrano, o branco e o preto, a velha e a nova, o cão da última e o periquito da penúltima.

A muito custo saiu o ZÉ TOLAS da espelunca com rodas e olhou para cima. Tinha chegado, mais ou menos um ano depois de lá começar a trabalhar, à imensa sede da Ping Digitália –

Sim, sede, mesmo à chuva –

Onde ia passar mais oito horas da sua vida a organizar caixotes pelos três primeiros números dos seus registos e pelas três últimas letras da sua secção, lá para a ala onde tanto suor se lhe pingou… na Ping, Ping, Ping, sempre a Ping, se caísse um trovão, havia de ser na ping, e nós Ping, lá foi a Ping. E Ping, Ping, que chove.

Correu para o átrio do primeiro prédio e sacou do papelzinho que traz consigo, todos os dias, no qual, em caligrafia sua, estão uns números estranhos…

29, 2, 34, 3, Est, 21, 3, 4, 2.

Os mesmos números que o informam que tem de se dirigir à rua 29, bloco 2, entrar no elevador e subir ao piso 34, andar até à ala 3, que fica a Este, contar os corredores até ao 21, entrar no balneário 3, abrir o cacifo da coluna 4 e linha 2, onde tem, muito bem guardado, o seu uniforme, que lava todas as quinzenas. Pela altura do seu mamilo esquerdo, apresenta-se uma etiqueta beije orgulhosa, que diz

“ZÉ TOLAS, Funcionário”

E resume a sua vida toda.

Mas bem, o que se sucedeu é o seguinte: ele enganou-se no papel que tirou do bolso. Tirou um com os números do Euromilhões da semana passada. A coincidência é estar escrito no mesmo tipo de post-it, dos que trazem o símbolo dos “Limpa-chaminés Rudolfo & Primos”, com o mesmo lápis, com a mesma organização dos números, tirando o “Est”, que desta vez antecede os números das estrelas:

12, 32, 22, 4, 1, 18, Est, 6, 9.

Como é óbvio, tal é a rotina que o ZÉ TOLAS nem reparou, e a princípio nem olhou para o papel, o autocarro deixou-o na rua certa e ele foi logo para o bloco certo. Depois, em vez de subir para o andar do costume, subiu ao vigésimo segundo…

Que era tal e qual o outro. As novas empresas têm o condão de ter empregados todos iguaizinhos, de tal forma que o nosso funcionário foi à sua vida como se nada fosse. Coincidência foi haver uma quarta ala.

Quanto a ir para a área Este dessa mesma ala… já foi ele que seguiu pelo hábito. E foi ao corredor 18, que curiosamente tinha um balneário no mesmo local de sempre, um balneário igualzinho… foi aos cacifos, contou as colunas até à sexta e as linhas até à nona, sem nunca se questionar se estava a fazer o que era certo, uma vez que todo o seu corpo estava em “piloto automático”.

Outra coincidência fenomenal: a porta do cacifo dele (que nós sabemos não ser o dele) estava aberta, e lá estava um uniforme semelhante ao seu. Vestiu-o, e ajeitou-o, respirando fundo antes de abandonar o balneário…

Com o uniforme do “João Vítor, Funcionário de Limpeza.”

Virou à esquerda, direita, direita, esquerda, deu os bons-dias a uns quantos homens de negro, que por acaso não estava bem a ver quem eram, e entrou na divisão onde costuma entrar.

E agora, FINALMENTE, apercebeu-se de que alguma coisa estava mal. Aquilo não fazia lembrar a sala dos arrumos onde exerce o seu dever. Era uma oficina, que estava deserta, com as luzes desligadas, e nas bancas vidros por limar, madeiras por serrar, serrim pelo chão, plainas e chaves de fendas penduradas em painéis com pregos, tudo material que nunca tinha visto na vida. ZÉ TOLAS sentou-se numa cadeira que por lá estava abandonada e procurou perceber o que acontecera, onde é que metera o pé na argola desta vez.

Mas antes de se concentrar no problema ouviu vozes. Uma das quais era aguda, estridente, irritante, e ele reconheceu-a como sendo a do seu patrão. Só o tinha visto uma vez, e fora no noticiário. O dono da Ping Digitália, a famosíssima empresa de componentes digitais sediada em Portugal, era um chinês, chamado Ping Li Pong. ZÉ TOLAS aproximou-se. Podia pedir desculpa pelo engano. Sempre podia pedir desculpa, pensou.

As vozes subiam de tom.

“Al Abalah, você GARANTIU-ME de que NENHUM PESCADOR IA ESTAR AO LARGO NESSA ZONA NO DIA DE ONTEM! QUE DEMÓNIOS fazia esse indivíduo NA MINHA ÁREA DE TESTE PRIMÁRIA?”

O interlocutor de Ping Li Pong, um árabe, procurava responder, embora gaguejasse devido à pressão que o outro lhe punha em cima.

“Se- Se- Senhor, não sei, por Alá, não acabe comigo, os meus espiões garantiram que todos os pescadores iriam ao funeral do outro que bateu a bota…”

“MAS ISSO NÃO FOI SUFICIENTE, POIS NÃO?”, vociferou o outro, “AGORA A POLÍCIA VAI ANDAR A FAZER BUSCAS NA ZONA, COMO É ÓBVIO!”

“A- A- Ainda podemos corrigir isto, se- se- senhor Ping…”

“ESPERO BEM QUE SIM, SENÃO A SUA CABEÇA VAI ROLAR!”, rosnou Ping Li Pong, “A SUA E A DESSE PESCADOR!”

ZÉ TOLAS estava já de cócoras sob uma estação de trabalho. Ouvira cada palavra, cada respiração, quase sentia o medo de Al Abalah e a fúria de Ping Li Pong estremecia até as lâminas de cortar o vidro. Já não iria pedir desculpas pelo seu engano. Arriscava, não só o emprego, mas também o pescoço.

“COMO SE CHAMA O GAJO? QUE É FEITO DELE?”

Al Abalah tremia a mexer nuns papéis que suara completamente durante a discussão.

“Está numa das nossas salas de contenção… está a soro, a recuperar… chama-se… chama-se, deixe-me ver… ah. Chama-se QUIM PESCAS.”

(…)

Não percam o próximo OMIPISÓDIO, a 29 de Janeiro, que nós também não!

14/01/2008

OS OMES E A AMIZADE

Meus caros OMES, aqui esta a prova em como somos realmente os melhores:
Eu não vos disse.......Amizade ...nisto, os OMES são muito melhores:

A VERDADEIRA AMIZADE FEMININA

A sofia ia a sair da cabeleireira e encontrou a Patrícia:

- Olá, Sofia!!! Cortaste o cabelo?

- Sim, cortei! O que achas?

- Estás giríssima, 10 anos mais nova. As madeixas ficam-te mesmo bem,está mesmo muito giro, vou fazer umas iguais!

- Oh Patrícia, é impressão minha ou estás mais magra?

- Talvez, fiz uma dietazita agora para o Verão...(meia hora de conversa depois...)

- Olha Sofia, querida, tenho de ir, adoro-te! Beijinhos e dá cumprimentos ao teu namorado!

- Também gostei de te ver, Patrícia. Beijinhos...

A Patrícia sai pensando: "Como esta gaja ficou ridícula com aquelecorte de cabelo! Será que ela não se vê ao espelho?"

A Sofia sai pensando: "Esta Patrícia está cada vez mais gorda!Deve estar a morrer de inveja do meu penteado... Ainda quer fazer um igual.. ela que pense em emagrecer primeiro!


A VERDADEIRA AMIZADE MASCULINA

O Luís ia a sair do barbeiro e encontra-se com o Pedro:

- Então Luís, meu paneleiro! Como é? Foste à tosquia?

- Não, seu cabrão... fui só cortar as patilhas!

- Foda-se, que merda de corte foste fazer? Pareces um rabeta!!! Devesandar a levar com ele!

- É... mas a tua namorada gosta!

- Vá, porta-te bem! Ah, e manda um beijo pra boazona da tua irmã, ok?

- Vai-te foder, cornudo! Ela não é pra tua laia! Vá, porta-te bem...

O Pedro sai pensando: "Este gajo, pah... cinco estrelas!"

O Luís sai pensando: "Este caralho não muda mesmo...grande bacano!"

Por isso por mais que os OMES se insultem no final vao dar-se sempre bem e vao estar prontos para beber mais uma jola, comer mais uma francesinha e ver mais um jogo de futebol com a jola na mão....

08/01/2008

OS COMPINCHAS DO OME DO MONTE!

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Eu, OME DO MONTE, deparei-me num certo dia passado, com uma familia castiça.

Estava sentado no sitio que normalmente já esta reservado para os OMES morfarem, no estabelecimento das francesinhas a 4€ mais fino, olhei para o lado e o que vi eu… um verdadeiro OME de família mais a sua MULHER e seus respectivos descendentes...

O OME possuía tudo o que caracteriza um verdadeiro OME do campo, assim o identifiquei, reparei nas suas mãos ásperas com esterco nas suas unhas de alguns centímetros, o seu bigode aos caracóis, ao qual se passa o pente e fica pendurado, barriga de cerveja característica de ir bastantes vezes ver a bola com os seus compinchas e uma maneira de morfar ÚNICA!

A sua MULHER era reservada, notava-se respeito e orgulho no seu OME (como deve ser) e em vez de morfar, olhava os filhos comerem pois sabia exactamente que era esse o seu dever!

Uma coisa vos posso dizer, como OME DO MONTE, gostei muito de relembrar os meus antepassados, não há nada como o campo, agora encontro-me na cidade e sinto-me realmente com saudades destes grandes amigos do peito, amigos esses que viam a bola no tasco do ZÉ logo após de lavrar a terra do campo da DONA MARIA!

Saúdo-vos…

01/01/2008

AS OMAVENTURAS

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Em redor de uma rede gigante, quatro ou cinco OMES conversavam. Eram, claramente, pescadores – da robusta espécie dos velhos lobos-do-mar, a julgar pelas mãos fortes: pele quase de couro de tão calejadas; mais o bronzeado, os pêlos aloirados de tanto lhes dar o sol, cabelo maltratado e dentes em falta. Neste dia do Senhor em que os encontramos, porventura a remendar a rede com a qual ganham o pão-nosso, não falavam das novas lei da pesca ou do que calha terem fisgado ao mar em quilos salgados de pescada, sardinha, carapau ou até peixe-espada e raia; neste caso, o assunto é sério, tão sério como a tempestade furiosíssima que viam no horizonte, ruim até de se ver.

“EM VERDADE VOS DIGO, CAMARADAS, a ti, Zé, mais tu Carlos, e também tu, Manel, estas tempestades não são obra de Deus. Há por aí mão de homem, ó. Não, não. Não me fio nessas tretas de superstições, isso é para o mulherio. Passam tanto tempo em casa que começam a atrofiar com espíritos e coisas assim. Isto não. Isto é mão de cinco dedos, olhem para o que aqui o Fumigas vos diz. Não duro muito, mas sei o que digo. Já nem me faço ao mar, estou agora para aqui caído a um canto e não ponho a vista nos motores que me pertencem por vários dias de cada vez, mas sei do que falo, e não sou um falinhas mansas tampouco.”

O OME que disse estas palavras era, de entre eles, aquele no qual as características de OME DO MAR mais se acentuavam. Podemo-lo considerar o sábio, o dono dos barcos em que trabalhavam, ou seja, o patrão – ou até o avô daquela família, se é que isto é uma família. Todos o escutavam com consideração e respeito. O outro OME, o tal que se chamava Zé, levantou os olhos para o mar, um pouco desconfortado pelos pensamentos que pairavam entre eles e pelo vendaval que varria as ondas lá para o fundo.

“Mas, ó ti Fumigas”, começou ele, e empregou o vocabulário que usam no telejornal, que por vezes se torna útil, “então quem são os suspeitos de culpado? E os arguidos de defesa, já apareceram? Quem é o homicida precisado?”

Os outros abanaram as cabeças, santa paciência. Houve até quem se risse.

“TÁ CALADO, ZÉ, E OMICIDA É QUEM MATA UM OME!”, irrompeu o Manel, sem perder tempo, “NÃO VÊS QUE A CONVERSA É DE GENTE GRANDE?”

E logo disse o Tó, do seu canto:

“AH POIS É! É UMA CONVERSA DE OMES!”

Ao que o Zé não teve remédio, teve de assentir e encolher a cabeça. Assim que este se calou, o silêncio deu a palavra ao Fumigas, que se preparava para falar e dizer algo digno de ser dito.

“Não gosto do que se anda por aqui a passar. Não sou abutre que deseje o mau agoiro de toda a gente, mas também não sou nenhum pinto que para aí ande a esgadanhar o bico na bosta dos outros. OMES, isto cá para mim cheira-me a esturro, e daqueles que cheiram pouco, mas são grandes esturricados quando chega a hora de os ver. Sei que hoje não há ninguém no mar, em honra do velho Tone da Silva, que morreu esta quinta, sei disso, e isso agrada-me, pois cá para mim, hoje de manhã, senti um arrepio, daqueles que são a parte agoirenta em mim, daqueles que me dizem que algo ruim está prestes a acontecer, e logo hoje! Mas estou tranquilo, sim, estou tranquilo, nenhum dos meus moços pôs o pé na água hoje nem há-de pôr! Honra seja feita ao Tone da Silva! Qualquer dia junto-me eu a ele, e aos OMES que já abalaram deste mundo para um melhor. Muitos deles eram meus amigos, e eu próprio já me sinto com um pé dentro e outro fora.”

“Ó ti Fumigas, acalme-se, o ti está é nervoso! Veja lá o que diz! Não misture uma coisa com a outra! Lá porque o seu amigo Tone da Silva foi para as lotas do Criador, e lá porque está ressentido com isso e tem maus presságios ao acordar, não dramatize tudo ao ponto de dizer que haverão terrores no mar! Isso é você, que está há mais de vinte anos em terra, e julga que o mar é um bicho-de-sete-cabeças!”

Fumigas deu um olhar triunfante ao Manel.

“Aí é que está, Manel. O mar É um bicho-de-sete-cabeças.”

Assim que se gerou o silêncio de novo, e os OMES se concentraram na sua porção da rede de pesca, que desemaranhavam, um OME lá mais para diante resolveu dizer algumas coisas de sua justiça.

“Ó ti Fumigas, então o que faz o QUIM PESCAS no mar a esta hora?”

Petrificaram todos. Olharam para o ti Fumigas, com receio pela sua saúde, e o Manel saltou-lhe para cima no segundo seguinte, porque o velho tombou para o chão, aparvalhado da vida. Manel não aguentou sem desatar a berrar com o outro imbecil.

“OLHA O QUE DIZES! ALGUÉM TE ENCOMENDOU O SERMÃO? NÃO TE PROIBIRAM DE FALAR NO QUIM PESCAS EM FRENTE AO TI FUMIGAS?”

O descuidado ficou pálido.

“Tinha-me esquecido.”

Fumigas tossia e balbuciava, dizendo:

“Maldição! A desgraça abateu-se sobre a nossa terra! Que o QUIM PESCAS não vá de encontro ao Pai de Todas as Coisas antes de mim! Se não fizer, é bom que eu morra, porque senão eu próprio o matarei! Não foi ele avisado do dia de luto? NÃO FOI?”

Voltou a sentar-se, a muito custo, com o coração septuagenário aos pulos. Manel tentou reconfortá-lo, lançando um olhar de raiva para o filho da grandessíssima que teve a brilhante ideia de dizer aquilo da boca para fora.

“Ti Fumigas, tenha lá calma, o QUIM vai voltar seguro. Vamos à cerimónia honrar o Tone da Silva. Não pense no QUIM. Ele é um valdevino. Deixe-o onde ele está. Não foi por falta de aviso.”

“E porque está ele lá, Manel? Diz-me porquê”, disse Fumigas, muito mais paciente, como se os seus reminiscentes batimentos cardíacos ainda procurassem uma razão no meio daquilo tudo.

O Manel, lá tinha de ser, disse a verdade que escondera do velho.

“Pelo que ele me disse, não é sentados nos bancos da igreja que vamos honrar o OME que perdemos, mas sim no alto-mar a fazer o que fazemos melhor. Ele não foi ao mar para pescar. Foi prestar uma homenagem.”


QUIM PESCAS JÁ ESTAVA TODO ENCHARCADO, e lá voava, como os pescadores podem voar, por entre o mar em tempestade vinda do Inferno, nos altos mares de que todos falam e sobre os quais muitos outros têm pesadelos, entre o barulho e o horror. Dançava amarrado aos cabos que conseguia manter na mão, sempre entre o abismo e o abrigo; e o mar, em fúria, tentava despedaçar-lhe a embarcaçãozinha, aquela mesma que trazia, a letras garrafais, escrito, na lateral do casco:

“LINDONA MARIA”

E NÃO HÁ MANEIRA DE CHAMAR AJUDA, NÃO HÁ TEMPO SEQUER PARA LIGAR O RÁDIO DE BORDO, DE DESCALÇAR AS BOTAS OU ATÉ MESMO DE VESTIR UM COLETE SALVA-VIDAS, a tempestade é tão estupidamente violenta que QUIM PESCAS só consegue dizer adeus à sua LINDONA MARIA com a qual apanhou tanto peixe e rezar um pai-nosso, e seja feita a sua vontade, lá com estas tempestades não consegue um OME safar-se, raios partam lá o OME que governa tudo. COMOVIDO E CONFORMADO, BRADOU QUIM PESCAS AOS SETE VENTOS:

“ADEUS MUNDO, ADEUS MAR, ADEUS LINDONA! ADEUS AOS OMES DO MAR, ADEUS AOS MEUS OMES DA TERRA!”

QUIM só teve tempo de vislumbrar uma grandessíssima onda a abater-se sobre si antes de perder os sentidos.

(…)

Nós só saberemos o que aconteceu ao QUIM PESCAS no segundo episódio das OMAVENTURAS, que será aqui publicado no dia 15 de Janeiro!

NÃO PERCAM O PRÓXIMO OMIPISÓDIO, QUE NÓS TAMBÉM NÃO!